Histórias contadas por fotos

Nervosa, brigando, agitada… Assim estava ela, até eu poder pegar em suas mãos e olhar em seus olhos.
Isso sempre me impressionou. Como pode uma simples presença acalmar?
Mas, talvez esteja aí a resposta. A presença.
Estar presente de verdade, de peito e alma. Tocar com afeto.

Essa semana conheci um outro lado dela. Um lado “sapeca”. Foi a palavra que me veio à mente.
Como conheci? Através de fotos, ah as fotos impressas. Que pena que esse hábito se perdeu.

Vi fotos dela gargalhando. Fotos tomando sol na praia. Fazendo poses. Com peruca para torcer para o Brasil. Que delícia foi viver aqueles momentos! Sim, vendo as fotos eu senti que estava alí, naqueles cenários com ela.

As fotos contaram a sua história para mim. Mas, me contaram também um pouco sobre a chegada da sua doença.
Vi fotos mais emagrecidas. Fotos com o rosto mais esvaziado, sem grandes sorrisos. Fotos de roupão, e sem o brinco e o batom que lhe eram habituais.
Alí ela já não mostrava mais quem era ela na superfície.

Conhecer o seu passado, aproximou-me ainda mais de quem ela é hoje. No fundo, percebi que ela ainda é a “sapeca” que sempre foi. Por isso ainda damos boas risadas juntas, mesmo que sem dizer ou fazer nada.


*Dando créditos à imagem: foi tirada na exposição Vetores-Vertentes: Fotógrafas do Pará que foi realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).